Por Zach Alan Bridges, 17/03/2011
Tradução Lucimara Zanini Soares
Parte 1 de 7
A história da igreja prova que algumas doutrinas vêm e vão como o vento. Se uma verdade não nasceu no coração de Deus, então, inevitavelmente, desaparecerá, mesmo se o homem escolher, de maneira teimosa, se apegar a ela. Este parece ser o caso com a crença popular sobre o “arrebatamento”. No curso destes próximos dias, quero examinar as evidencias a respeito desta “doutrina”, e descobrir o que a Bíblia tem a dizer sobre a vinda do Senhor.
O que é Arrebatamento?
Para a maioria, quando cristãos dizem a palavra “arrebatamento”, eles estão se referindo a um evento na interpretação futurista da escatologia cristã, no qual é sugerido que os cristãos serão reunidos no céu, para encontrar Cristo no sétimo ano, ou mesmo antes do término dos sete anos, que antecedem sua Vinda. A passagem principal usada para apoiar essa idéia é 1Tessalonicences 4:15-17, na qual Paulo cita a “palavra do Senhor”, a respeito da vinda de Jesus, para buscar Seus santos: “...e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares...”. Há muito pontos de vista sobre a vinda do Senhor, o reino do milênio, a teoria do arrebatamento (dispensacionalismo, amilenismo, pré-milenismo, pós-milenismo, pré-tribulacionista, meso-tribulacionista, pos-tribulacionista, etc). O tempo não nos permite discutir cada uma dessas interpretações variadas, simplesmente veremos o que a Bíblia tem a dizer como um todo a respeito do arrebatamento.
A palavra “arrebatamento”, na verdade, não está nos originais da Bíblia. Nas traduções para o inglês, vemos uma palavra inglesa derivada do latim (rapio), que significa “pegar /levar por força/ apoderar-se/ obter por ação rápida”, encontrada na Vulgata referente a 1Tessalonicenses 4:17. Considerando a etimologia da palavra, a Bíblia na versão “The New English Bible” possui uma nota de rodapé: “inesperadamente tomado ou apanhado rapidamente”. O verbo no grego (ἁρπάζω) harpazo significa que a ação é rápida ou violenta/ poderosa, portanto a tradução providenciou o advérbio “de repente”, em algumas versões, para esclarecer essa idéia implícita.
A Bíblia, de fato, fala de um “arrebatar” (Ap 12:5; Atos 8:39; 2Co 12:2-4; 1 Ts 4:17; Atos 1:9; Hb 11:35; Fi 3:11, etc). Contudo, de acordo com as Escrituras, este “arrebatar” não será nada parecido com aquele “arrebatamento para longe”, ensinado em muitos púlpitos. Deus não virá arrebatar/ tomar um povo fraco, pobre, de coração dividido, pisoteados de sob os pés de satanás. Este pensamento vai contra toda a Escritura! Deus tem um plano para esta Terra, e Seu povo faz parte disso, “Deus... tem nos dado o ministério da reconciliação... e nos confiou a palavra da reconciliação.” (2 Co 5:18-19).
História Doutrinária
John Darby inicialmente propôs a teoria do arrebatamento pré-tribulacionista em 1827. Essa idéia foi aceita entre muitos irmãos de Plymouth na Inglaterra. Darby e outros irmãos proeminentes foram parte do Movimento de Irmãos que impactaram a comunidade cristã americana, primeiramente por seus escritos literários. A influência incluiu o Movimento da Conferência Bíblica, com inicio em 1878, com a Conferência Bíblica de Niágara. Essas conferências contribuíram para uma aceitação crescente sobre a teoria futurista pré-milenar, e sobre o arrebatamento pré-tribulacionista, especialmente entre os Presbiterianos, Batistas e membros Congregacionais.
Os patrocinadores da teoria do arrebatamento preliminar acreditam que a doutrina do amilenismo originou-se com a Escola Catequética de Alexandria, com Clemente de Alexandria e Orígenes, sendo posteriormente disseminado largamente pelo dogma da igreja Católica Romana por Augustino. Deste modo, a igreja até essa época defendia a opinião sobre o pré-milenismo, o qual vê um apocalipse iminente, do qual a igreja será resgatada, depois de ter sida arrebatada pelo Senhor. Alguns defensores do pré-tribulacionismo ainda afirmam que um escrito apócrifo, conhecido como um texto extra de referência bíblica, a respeito do arrebatamento pré-tribulacionista, extraído do sermão atribuído a um pai da igreja do IV século, Efraim, o sírio, que diz: “Pois todos os santos e Eleitos de Deus serão reunidos, antes da tribulação que há de vir, e serão tomados para o Senhor a fim de que não vejam a confusão que oprimirá o mundo, por causa dos nossos pecados.” Contudo, a interpretação desse escrito, como um suporte para a teoria do arrebatamento pré-tribulacionista, é controvérsia.
Sua Popularização
O crescimento desta crença na teoria do arrebatamento pré-tribilacionista normalmente é atribuído a uma garota escocesa/ irlandesa de 15 anos chamada de Margaret MCDonald. Em 1830, ela supostamente teve uma visão dos fins dos tempos, a qual descreve sua visão do arrebatamento. Isto foi inicialmente publicado em 1840. Há controvérsia sobre a veracidade desse rumor.
Junto com John Darbi, a popularização mais abrangente do termo está associada com o evangelista chamado William Eugene Blackstone, cujo livro, Jesus está Voltando, vendeu mais de um milhão de cópias. A primeira vez que se tem conhecimento do uso teológico da palavra “arrebatamento”, na versão impressa, ocorreu com a Bíblia de Referência Scofield de 1909.
Em 1957, John Walvoord, um teólogo no Seminário Teológico de Dallas, autor do livro “The Rapture Question” – traduzido para o português: “A Questão do Arrebatamento”, que supostamente sustentou a teoria do arrebatamento pré-tribulacionista, esse livro vendeu, no fim, 65 mil cópias. Em 1958, J. Dwight Pentencost escreveu outro livro que apóia o arrebatamento pré-tribulacionista, “Things to Come: A Study in Biblical Eschatology” – traduzido para o português: “Coisas por Vir: Um Estudo de Escatologia Bíblica”, o qual vendeu 215 mil cópias.
Durante os anos 70, a teoria do arrebatamento tornou-se popular em larga escala, em parte por conta dos livros de Hal Lindsey, incluindo “The Late Great Planet Earth (O Grande e Último Planeta Terra)”, o qual, segundo registros, vendeu entre 15 e 35 milhões de cópias, e pelo filme “A Thief in the Night (Um Ladrão a Noite)”, que baseia seu título na referência bíblica de 1 Tessalonicenses 5:2, “...o dia do Senhor vem como um ladrão a noite”. Outros livros e produções mais modernos como: a série “Left Behind (Deixados para Traz)”, de Tim LaHaye e Jerry Jenkins, tem dado mais e mais acesso às pessoas às crenças sobre a teoria do arrebatamento.
Suas Bases Bíblicas?
As seguintes escrituras são usadas para sustentar a teoria do arrebatamento:
Mateus 24:36-41 “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai. Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem. Então, dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro; duas estarão trabalhando num moinho, uma será tomada, e deixada a outra.”
Lucas 17:28-37 “O mesmo aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre e destruiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do Homem se manifestar. Naquele dia, quem estiver no eirado e tiver os seus bens em casa não desça para tirá-los; e de igual modo quem estiver no campo não volte para trás. Lembrai-vos da mulher de Ló. Quem quiser preservar a sua vida perdê-la-á; e quem a perder de fato a salvará. Digo-vos que, naquela noite, dois estarão numa cama; um será tomado, e deixado o outro; duas mulheres estarão juntas moendo; uma será tomada, e deixada a outra. Dois estarão no campo; um será tomado, e o outro, deixado. Então, lhe perguntaram: Onde será isso, Senhor? Respondeu-lhes: Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão também as águias.”
João 14:2-3 “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.”
Filipenses 3:20-21 “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas.”
1 Coríntios 15:49-55 “E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial. Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”
2 Tessalonicenses 2:1-7 “Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor. Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus. Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas? E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria. Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém;”
Haverá Continuação...